Nascido em 25 de novembro de 1935 na cidade de São Paulo, conheceu a oficina de Guido Pascoli em 1955 (na época, instalada na Rua da Consolação). Luiz Bellini já havia aprendido entalhe em madeira com Vincente Policene na escola técnica Getúlio Vargas, inclusive, foi quem indicou que estudasse luteria. Com Pascoli, começou a aprender a construir violinos, violas e violoncelos. Tem-se notícia de 20 a 25 destes instrumentos, principalmente, etiquetados com o nome da oficina de Pascoli. Até este momento, nenhum registro fotográfico destes instrumentos (que pudesse ser publicado) chegou até nós.
Segundo contam estórias, acontece que foi o próprio Guido Pascoli quem recebeu um convite de Simone Fernando Sacconi para trabalhar em Nova Iorque. Na época, por estar envolvido com a escola de luteria, em mudança para o Rio de Janeiro, indicou seu pupilo. Podemos entender esta indicação como dizer que ele estava a altura e em busca de tal oportunidade. Importante lembrar que na década de 50, o Estados Unidos era uma potência de conhecimento sobre violinos históricos, contando com muitos exemplares destes. A movimentação de músicos e luthiers era grande, junto a casas de leilão (ou seja, fortemente financiada).
Em 20 de novembro de 1960, chegou a Nova Iorque, foi diretamente trabalhar na Rembert Wurlitzer Co., onde Sacconi mantinha seu ateliê. Podemos ver um dos violinos que construiu junto de Sacconi nesta época, de 1961 (três fotos acima, gentilmente cedidas pela Tarisio para a Café com Luteria nº 4) [1] [3].
Este violino demonstra diretamente os aprendizados com o novo mestre; ex: éfes com curvas contínuas, arredondadas e de palheta larga; borda de medida homogênea e com topo definido; nocetta alongada, verniz alaranjado homogêneo... como se tudo estivesse, metodicamente, dentro do escopo a ser seguido. Segundo o próprio Luiz Bellini, seu professor explicava meticulosamente todos os detalhes do instrumento, em vista do que havia visto em violinos de Antonio Stradivari, Giuseppe Guarneri (del Gesù) e muitos outros [4].
O violino pode ter situado Sacconi das capacidades de Bellini no trabalho fino da luteria. Então, ainda trabalhando na Rembert Wurlitzer (e, depois, na François Rare Violins Inc., a partir de 1968), enveredou pelas cópias. Por que? Simples: em sua bancada passavam exemplares autênticos feitos por Giuseppe Guarneri (del Gesú), Antônio Stradivari... E foi a partir daí que produziu as cópias, caminho consolidado principalmente depois de Ruggiero Ricci adquirir uma cópia do Lord Wilton (Guarneri del Gesú, de 1742), que Luiz terminou em 1973.
Foi desta maneira, acompanhado do uso da forma externa (a que permitia maior controle ao ato de copiar) e observando até mesmo as assimetrias nas silhuetas de tampo e fundo, bem como das bombaturas, dos instrumentos originais, que Luiz construiu cópias do Lord Wilton, do Kreisler (Guarneri ‘del Gesù, 1733) e do Baron Knoop (Antonio Stradivari, 1715).
E sempre com uma predileção por fazer o instrumento do começo ao fim, como lembra Stewart Pollens, depois de perguntar o porquê de Bellini não contratar um aprendiz para fazer o trabalho bruto. Gostava de manter contato com a madeira que estava utilizando desde o começo da construção. É importante notar a situação que amparava Bellini já antes de 1975 (ano em que abriu o próprio ateliê) até sua morte em 2015, ainda em Nova Iorque: as encomendas nunca mais pararam de chegar, chegando a 14 por ano em certa época, como lembra sua esposa Sônia [1], desde a cópia que fez para Ruggiero Ricci.
[1] COELHO, Leonardo; SANTOS, Bogdan S. R. dos. Do Brasil para o Mundo: Luiz Bellini. Café com Luteria, n. 4. mar. 2020. Disponível em: https://issuu.com/cafecomluteria/docs/cafe_com_luteria._n4./7
[2] The Strad. Renowned American violin maker Luiz Bellini dies aged 79. Disponível em: https://www.thestrad.com/renowned-american-violin-maker-luiz-bellini-dies-aged-79/4557.article
[3] Tarisio. Luiz Bellini. https://tarisio.com/cozio-archive/browse-the-archive/makers/maker/?Maker_ID=54.
[4] Violinist. Luiz Bellini: A love for violin making parallel to Stradivari. mar. 2011. http://www.violinist.com/blog/Alfram/20113/12158/
[5] Tarisio (@tarisioauctions). Disponível em: https://www.instagram.com/p/CMAWs4lgaxv/?utm_source=ig_web_copy_link
[6] National Museum of American History, Smithsonian Institution. Bellini "Lord Wilton. Disponível em: americanhistory.si.edu/collections/search/object/nmah_1029274. CC-BY-NC-ND
[7] Folha Uol. Renomado fabricante de Violinos. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1641920-mortes-renomado-fabricante-de-violinos.shtml
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